A
pesquisadora Angela Cristina Lorenzzoni, do Grupo de Pesquisa em Estudos em
Musicologia, da Unespar/Embap, atuando na linha de pesquisa em Música
Paranaense, publicou em 2014 um artigo intitulado BENEDITO NICOLAU DOS SANTOS(1878-1956): INTELECTUAL, COMPOSITOR, REGENTE, PROFESSOR, onde, citando
pesquisa precedente de Santos, nos traz o curioso desabafo do autor, sobre o
contexto em que a OPERETA MARUMBY foi levada aos palcos.
Confiram:
"Acerca das
dificuldades de se escrever e montar uma opereta na Curitiba do início do
século XX, são reveladoras as palavras do próprio Benedito Nicolau dos Santos,
que transcrevemos a seguir.
Pela temática e pela citação de alguns personagens,
acredita-se tratar-se de Marumby:
Contento-me,
porém, a crêr eu só no que digo. Dizendo o mais, também se vai ao menos. Agora
êste “menos” para dizer em música, na terra onde se é preciso, antes de tudo,
consultar o chefe de partido, o delegado de policia e a boa disposição dos
colegas, preferivel é passa-lo de menos a mínimo. […]
Outra
vez, instigado, arrisquei-me a fazer aquele mínimo por encomenda. Digo por
encomenda porque já me contava incapaz de produzir algo por conta própria. Saiu
uma como operêta regional de cousas e costumes da terra.
Resultado:
- A policia depois de lêr e autorisar a representação visitou-me quatro vezes,
à casa. Denuncias haviam surgido. Os consules reclamavam contra a inclusão de
súditos, na peça. E para evitar conflitos e complicações internacionais, cortou
a policia um alemão, um polaco e um italiano que haviam sido, à ultima hora,
cunhados a conta dos que faziam de personagens.
Houve
antes disso muito bate-boca, brigas, expulsão da troupe que andou de Herodes
para Pilatos, sem casa ou teatro para os ensaios, além de exigências de
pagamento adiantado disto e daquilo.
A
peça, porém, foi empurrada e obteve brilhante sucesso de estreia na aldeia
(SANTOS, 1936, v. 4, Prefácio).
SANTOS,
Benedito Nicolau dos. Normas e Fatos. v. 1. Curitiba: Gráfica Mundial, 1948.
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